Estudo destaca contexto histórico da implantação do Corredor Bioceânico

Postado por: Larissa Leal

A participação de atores sociais, econômicos e políticos foi fundamental para que o projeto do Corredor Bioceânico fosse mantido e as obras começassem a sair do papel após décadas de planejamento e expectativa. Esse contexto histórico está sendo investigado pelo professor e historiador Eronildo Barbosa da Silva.

As tratativas informais para a criação desta rota acontecem desde o século passado. Em 2000, a proposta ganhou força com a reunião da cúpula de presidentes da América cujo objetivo era trabalhar o processo de integração dessa região do mundo. Um dos temas abordados foi a construção de um corredor que facilitasse a articulação de vários eixos de integração regional.

Ainda de acordo com o levantamento realizado pelo historiador Eronildo Barbosa, em 2015, numa histórica reunião que aconteceu em Assunção, com a presença dos presidentes e outras autoridades do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, foi assinada a Declaração de Assunção que, entre outras coisas, criou um Grupo de Trabalho (GT) para a realização de estudos técnicos com a pretensão de dar início às atividades de viabilização de um Corredor Rodoviário Bioceânico, ligando o Brasil, a partir de Porto Murtinho, no Estado de Mato Grosso do Sul, aos Portos do Norte do Chile.

O Eixo História é uma das áreas abordadas no Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico, que é coordenado pelo Prof. Dr. Erick Wilke, da Escola de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

“O objetivo é identificar e resgatar historicamente fatos relevantes relacionados à construção do Corredor Bioceânico, como aspectos históricos dos países envolvidos e das comunidades e cidades por onde passará a rota, atores importantes na construção do projeto, edifícios e sítios históricos, cultura material e imaterial das populações, oportunidades econômicas, organização social e outros elementos”, explica o professor e pesquisador Eronildo Barbosa.

A estudante do curso de História da UFMS, Sara Vital Fernandes, também participa da pesquisa. Serão realizadas entrevistas com as comunidades e lideranças políticas e econômicas dos quatros países envolvidos no projeto.

“Como um projeto dessa dimensão pode incorporar os assentamentos rurais existentes entre Campo Grande e Porto Murtinho, como as tribos indígenas poderão ser beneficiadas pelo projeto, como o pequeno, o médio e o grande empresário de Mato Grosso do Sul e do Centro-Oeste podem integrar esse projeto e também as comunidades rurais e urbanas do Paraguai, da Argentina e do Chile, quais são as dificuldades reais diante das diferentes culturas e interesses, são questões que vamos abordar”, afirma Eronildo.

Para o pesquisador, o papel da história nesse processo é fundamental porque garante que parte importante das riquezas culturais não desapareçam em função das mudanças que ocorrerão ao longo do Corredor. Ainda conforme Eronildo, a integração de povos, leis, mercadorias, culturas, modais e outros interesses dos parceiros do corredor vão fomentar mutações relevantes.

“A história ajuda a registrar a riqueza material e imaterial dos povos impactados pelas mudanças, mas, também, identifica as origens, sonhos, expectativas e visão de futuro dos vários grupos sociais, inclusive os marginalizados e oprimidos que não são poucos. O trabalho de pesquisa deve contribuir para que os grupos sociais conheçam e guardem parte da sua história e projetem passos seguros para o futuro”, avalia.

Ao final da pesquisa, será realizada uma ação de extensão para apresentar o processo histórico de construção, planejamento e organização do Corredor Bioceânico, contemplando seus protagonistas e fatos determinantes para a materialização do projeto.

Pesquisador do Eixo História

Eronildo Barbosa da Silva – historiador
É professor universitário, Bacharel em História pela Universidade Federal da Paraíba (1986). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1996); Doutor em Educação também pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2011); Pós-Doutor em Administração com ênfase em Meio Ambiente (2014). Pesquisa e escreve sobre os seguintes temas: relações de trabalho, história de Mato Grosso do Sul, política, educação, meio ambiente e economia.

O que é o Projeto Multidisciplinar

O Corredor Bioceânico consiste em uma rota rodoviária que possibilitará a conexão viária do Centro-Oeste brasileiro aos portos chilenos de Antofagasta e Iquique, no Pacífico. O trajeto passará por cidades Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

No Projeto Multidisciplinar, estão sendo realizadas pesquisas de extensão centradas em resultados acadêmicos relevantes para a promoção do desenvolvimento econômico e social nos territórios alcançados pela rota internacional. Os recursos que viabilizaram a realização do Projeto Multidisciplinar são oriundos de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet (PT/MS). Clique aqui para saber mais.


Por: Assessoria de Comunicação do Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico