Projeto da UFMS identifica oportunidades econômicas geradas pelo Corredor Bioceânico

Postado por: Larissa Leal

Para identificar as potencialidades do Corredor Bioceânico, o Projeto Multidisciplinar aborda os seguintes eixos: Economia, Turismo, Logística, Direito e História. O projeto de pesquisa e extensão é coordenado pelo Prof. Dr. Erick Wilke, da Escola de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

No Eixo Economia, o estudo é realizado pela Profa. Luciane Cristina Carvalho (ESAN/UFMS) que apresenta uma perspectiva macroeconômica sobre as possibilidades para os municípios de Mato Grosso do Sul; e pelo Prof. Edgar Aparecido da Costa (CPAN/UFMS) que realiza um mapeamento das oportunidades relacionadas à agricultura familiar.

Municípios

O Corredor Bioceânico irá reduzir o tempo e os custos do transporte e ampliar as possibilidades de exportação e importação. De acordo com a pesquisadora e professora Luciane Cristina Carvalho (ESAN/UFMS), a expectativa é que, com a rota internacional, os empreendimentos instalados em municípios alcançados pelo trajeto possam aumentar o volume de produção e os destinos de seus produtos.

“Há atividades que ainda não tem o fluxo de comércio exterior normalmente por ser custoso, em razão do deslocamento até o Porto de Santos (SP) ou Paranaguá (PR) ou pela questão de importação de matéria-prima, que vem da China, para poder fabricar o produto final e depois exportar. O que buscamos no eixo da Economia é verificar quais são esses produtos que tem o potencial para utilizar essa rota e expandir suas atividades para outros países”, explica.

A pesquisa conta com a participação dos acadêmicos do curso de Ciências Econômicas (ESAN/UFMS) José Paulo Santos Nogueira e Arianne Hiran Bispo da Silva. A equipe também está coletando informações sobre custos aduaneiros, tempo de espera para liberação de mercadorias nas alfândegas, condições dos portos de Porto Murtinho e do Chile e necessidade de adaptações/melhorias para exportação de novos produtos.

Os pesquisadores solicitaram informações para órgãos ligados aos setores de logística e economia e estão analisando dados secundários, como informações da Secretaria do Comércio Exterior e Ministério do Trabalho, como o CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) e o CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas).

“Se houver um maior volume de exportação, pressupõe-se que haverá uma demanda maior também pelo volume de emprego. Nós vamos cruzar todas essas informações para poder verificar o que a gente tem e qual a quantidade de produtos que podem ser exportados, qual o volume do comércio exterior e qual o destino dessas exportações”, relata a pesquisadora do Projeto Multidisciplinar da UFMS.

O levantamento contribui para avaliação das possibilidades de aumento das exportações e importações não apenas para países do continente americano e asiático, como também entre os países da América do Sul.

“Nessa rota, temos a Argentina, o Paraguai, que são países que também podem ser consumidores dos nossos produtos. Quando se fala do corredor, há o foco no trajeto marítimo, mas temos nesse caminho outros países e, melhorando a rodovia, também haverá uma ampliação melhor da distribuição dos produtos que são produzidos em Campo Grande, por exemplo”, avalia.

Ao mapear as oportunidades de ampliação da produção e exportação de produtos e de desenvolvimento econômico dos municípios que utilizarem o Corredor Bioceânico, os pesquisadores buscam apontar caminhos para melhor utilização da estrutura logística.

Ao final do projeto, será realizada uma ação de extensão para informar a população sobre os resultados da pesquisa com o objetivo de motivar empreendedores e empresários a produzirem e utilizarem a rota internacional.

Agricultura familiar

Dentro do Eixo da Economia, o Prof. Edgar Aparecido da Costa (CPAN/UFMS) irá avaliar as oportunidades relacionadas à agricultura familiar. O objetivo é identificar como o Corredor Bioceânico pode potencializar a exportação e importação desses produtos e o desenvolvimento de empreendimentos urbanos ligados ao setor.

“Nossa intenção é percorrer o trajeto de Campo Grande a Porto Murtinho para identificar quais produtos da agricultura familiar são vendidos ao longo da rodovia, há quanto tempo estão vendendo, se tem uma produção suficiente para exportar, por exemplo. Em conjunto com a Profa. Luciane, verificar se tem mercado para esse produto e se há interesse do produtor”, explica o pesquisador e professor Edgar Aparecido Costa.

A estudante do curso de Geografia da UFMS (Câmpus Pantanal/Corumbá), Glenda Helenice da Silva Rodrigues, também participa da pesquisa. A equipe analisa os dados do Censo Agropecuário de 2017 (IBGE) em relação à agricultura familiar e as informações da Produção Agrícola Municipal de 2018 (IBGE). Também está sendo feito um levantamento de informações junto à Agraer.

Os pesquisadores identificaram até o momento alguns dos municípios com produção da agricultura familiar que estão na rota, como Sidrolândia, Nioaque, Guia Lopes da Laguna, Jardim e Porto Murtinho.

“Considero que a agricultura familiar tem um grande potencial exportador. Em outras regiões do país, como no Nordeste, a agricultura familiar é um dos setores que mais exportam para o mercado internacional. Se não realizarmos um levantamento como este para auxiliar os agricultores, eles terão dificuldade de acessar esses mercados. Nossa participação nesse projeto será fundamental para alavancar os negócios desse setor”, avalia.

Ainda de acordo com o pesquisador, o estudo irá contribuir para elaboração de políticas públicas e projetos para incentivar e fortalecer a agricultura familiar, assim como para a definição de estratégias que possam minimizar possíveis efeitos negativos.

Como ação de extensão, será realizada uma oficina com os agricultores de Porto Murtinho para apresentar os resultados da pesquisa e construir um plano de ação com a participação desses agricultores.

“O objetivo é apresentar os projetos para o setor, os possíveis financiadores e como realizar a captação de recursos, seja por meio de emendas parlamentares, fundo perdido ou programas como PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e PAA [Programa de Aquisição de Alimentos]”, explica o pesquisador.

Quem são os pesquisadores do Eixo Economia

Professora Luciane Cristina Carvalho – Escola de Administração e Negócios (ESAN/UFMS)

Professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS (desde 2017). Possui Pós-doutorado em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, doutora em Teoria Econômica ( 2014) pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, com estágio de doutoramento Sanduíche na Université du Québec à Trois-Rivières – CA. Mestre em Integração Latino – Americana pela Universidade Federal de Santa Maria, (2007) e graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Maria (2004). Com experiência na área de teoria econômica e finanças. É membro do corpo editorial Congresso Brasileiro de Administração – CONBRAD.

Professor Edgar Aparecido da Costa – Curso de Geografia no Câmpus do Pantanal (CPAN/UFMS)

Possui graduação em Geografia pela Universidade Católica Dom Bosco (1991), mestrado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2004). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Planejamento territorial, com ênfase em planos diretores, atuando principalmente nos seguintes temas: Agroecologia, Geografia, Fronteira, Desenvolvimento territorial e Plano diretor participativo.

O que é o Projeto Multidisciplinar

O Corredor Bioceânico consiste em uma rota rodoviária que possibilitará a conexão viária do Centro-Oeste brasileiro aos portos chilenos de Antofagasta e Iquique, no Pacífico. O trajeto passará por cidades Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

No Projeto Multidisciplinar, estão sendo realizadas pesquisas de extensão centradas em resultados acadêmicos relevantes para a promoção do desenvolvimento econômico e social nos territórios alcançados pela rota internacional. Os recursos que viabilizaram a realização do Projeto Multidisciplinar são oriundos de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet (PT/MS). Clique aqui para saber mais.


Por: Assessoria de Comunicação do Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico